terça-feira, 3 de maio de 2011

BRECHT - ELOGE DU COMMUNISME

Il est raisonnable. Chacun le comprend. Il est facile.
Si tu n’es pas un exploiteur, tu peux le comprendre.
Il est bon pour toi? Renseigne-toi sur lui
Les ignorant disent qu’IL est ignorant
Et ceux qui sont sales, qu’IL est sale
Il est contre le saleté et l’ignorance.
Les exploiteurs l’appelent un crime,
Mais nous le savons :
Il est la fin des crimes,
Il n’est pas une folie, mais
La fin de la folie.
Il n’est pas le mystère
Mais la solution.
Il est le simple
Qui est difficile à faire.

Bertolt Brecht – 1932

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"A PUTABILIDADE DAS COISAS"




Benjamim disse: “O convincente é infecundo”. Não no sentido persuasivo, entretanto, numa crítica ao acabado, imóvel e homogêneo. É o uso das máquinas, do instrumentalismo e uma maior tecnocracia em detrimento do corpo, da força física e mental humana. É a coisa ocupando o lugar da condição humana, senão da conduta humana.

Por isso a “putabilidade das coisas”, a coisificação das pessoas, a “coisificação das coisas”. O célebre Renato Russo alertava: “Cuidado com a coisa, coisando por aí; a coisa, coisa sempre, também coisa por aqui; seqüestra o seu resgate, envenena sua atenção; é verbo, substantivo, adjetivo e palavrão”. De fato, a coisa ou as coisas, estão por toda parte, estão nos lugares mais pueris ou nos lugares mais ácidos. É alarmante não se dar conta de sua presença (da coisa), de seus palavrões e agressões para com a sociedade, ou pior, de suas agressões para com os humanos, seres críticos e de “normal” crise (crisis).

As verdades estão mais rápidas, mais fluidas e “imensuráveis”. É de se ressaltar o “erro” da tentativa de mensuração delas (verdades), pois sejam as verdades, sejam as mentiras, são todas cíclicas e repetitivas. Não estão fixas e invariáveis, nem absolutas. Há um diálogo de permanência e mudança. Entretanto, as ressalvas não estão sendo feitas para aceitação ou comodidade para com as verdades, mentiras, para as coisas em geral, nem para ser batido o martelo e ser determinado: “Não existem mais verdades, nem mentiras, tudo é instável”; porém, é uma tentativa de instiga para que os conceitos de verdades e mentiras se tornem reflexivos, reformulados, “transvalorados”.

A busca pelo supérfluo é incessante. O amor, as dores, os desejos e os diálogos, estão esquecidos, estão “piegas”, estão se tornando a “coisa”. Parece enigmático falar das coisas, das suas putabilidades, porque é difícil determiná-las, apontá-las por completo, dá todos os nomes e suas características. Por isso a necessidade de “refundamentação” de qualquer coisa, da preocupação com a condição humana e da reflexão para com tudo que está se tornando instantâneo e efêmero. Para não ser julgada como dispersa ou utópica a “putabilidade das coisas” e para eu não ser rotulado como aquele que fica em cima do muro, abraço o aforismo nietzschiano: “Torna-te aquilo que és”.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

TROCA DE FLUIDOS




O mundo está em ebulição, destruindo-se e ressignificando-se ao mesmo tempo. Zygmunt Bauman fala da modernidade-líquida ou do líquido moderno, onde a fluidez das coisas, das pessoas, dos espaços, está em dinamicidade e ganhando um tom presente constante, justamente por conta da descartabilidade em que as relações, interesses, objetos, entre muitas outras coisas, se encontram. A globalização bastante ressaltada por muitos ou o multiculturalismo, com discursos otimistas, ao mesmo tempo em que permite a rápida e veloz troca de fluidos na sociedade, põe dificuldade para esta mesmo ou mais ainda, encarece a importância desses fluidos. Essa proximidade e relações “internacionalizantes”, que nos traz a globalização, é próprio contraditório, pois os humanos estão se tornando cada vez mais distantes, omissos e neutros. A internet refugia o ser, não há mais espaços para o contato face a face, os diálogos são limitados e sintéticos, fluidos (porque se perdem valor rapidamente) e secos (porque não se deixam dinâmicos, verdadeiros e pessoais).
Como então fazer valer as trocas de fluidos? Pior; como se chegar às trocas de fluidos reais ou as trocas de fluidos orgânicos? Os interesses são outros, embora muitos façam tais trocas de fluidos, seja no amor, no sexo, nos diálogos, nas conquistas, nas compras, nas crises, enfim, os valores estão se perdendo, as relações estão sendo diretas e efêmeras. Não estou também estabelecendo ou determinando valores, não dissemino verdades absolutas, mas as perdas de valores são claras e globais. Nietzsche nos mostra a sua “vontade de poder”, originária, a realidade nua e crua das coisas, independentemente de condições especiais, de “jeitinhos” ou facilidades, onde não há exceções e transgressões. O mundo está carente dessa potência Nietzschiana, da vontade e da vontade potencial, sem mitologias, crenças e inverdades. O sexo para a contemporaneidade é veloz, rápido, senão metafísico; é a expulsão de desejos (digo que caberia aqui até o complexo freudiano ou sua psicologia dos desejos), é a necessidade de sentir o que não se sente e de fato não se sente, não há a troca de fluidos reais, por mais que os fluidos orgânicos estejam intrínsecos. Muitos não deram conta da importância do desapego a essa “irrealidade humana”, onde as sensibilidades, as emoções e prazeres não condizem com a troca de fluidos, ou melhor, não condizem com as trocas de fluidos verdadeiras, que poderia mover vidas.
Posso até finalizar com Saussure (lingüista e filósofo suíço), com a sua “teoria do valor”, com suas relações lingüísticas, relações de signos e medidas. Vou substituir signo por valor (até para não esquecer valores e as trocas de fluidos que puxou o texto), pois segundo o suíço esta teoria postula que os valores (signos) lingüísticos estão em relação entre si no sistema de língua. Um valor (signo) só tem o seu valor na medida em que não é outro valor (signo) qualquer: um valor (signo) é aquilo que os outros valores (signos) não são. Aparentemente parece uma visão bem diferencial e negativa e pode chegar a ser até perigosa, entretanto, pode também anunciar e escancarar a busca incessante da sociedade atual por novos valores, que se sejam valores desconhecidos ou que nem se saibam quais valores querem ou o que sejam valores, porém, a maior relevância é a procura por algo novo, por aventuras, por consumo, por tecnologia, pela erotização, embora transpire mais “deserotização” do que prazer, enfim, numa hermenêutica (aí utilizo a teoria do valor de Saussure) que explicita a quantidade de trocas de fluidos que principalmente nossa sociedade pós-moderna saboreia. Passo a me despedir, portanto, enfatizando a necessidade de nos atentarmos a toda essa aguça troca de fluidos, dessa modernidade líquida desvairada, sem direção, sem percepção e todo o paradoxo do conforto, liberdade e facilidades que a globalização e os valores contemporâneos anunciam e impregnam-nos, seres enquanto seres de punho, sangue e vida. E falando em troca de fluidos, e sobre os fluidos que dão movimento a vida, disse Heráclito: “O ser é tão pouco como o não-ser; o devir (o movimento) é e também não é”.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ESTAMOS FORA DO LUGAR...




Posições fixas e invariáveis, o conhecimento vai se ajustando, se regularizando e se adequando. Não se propicia a criação, a autenticidade do pensar e a tentativa de ajustar uma pessoa a faz robótica, mecânica, acabada e limitada. Não só para com as mentes “pensantes” ou educandos do mundo, entretanto, afeta principalmente os ditos “possuidores do conhecimento”, educadores, formadores, professores, enfim, pois estes fazem a “absolutização da ignorância” quando tratam os educandos como coisas, como algo que tem que ser preenchido, como um ser acrítico e sem poder de intervenção. É como dizia o grande Paulo Freire na sua “Pedagogia do Oprimido”, que “o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos”. Não é desmerecendo ou deixando de lado a relevância dos educadores, mas a educação que a maioria destes propicia é uma educação opressora, de cima para baixo, de dentro para fora, havendo uma contradição de papéis (educador-educando) e não uma simbiose ou uma intercomunicação que deveria ocorrer entre ambos.
A educação ainda está sendo feita para dominação, para o fechamento de grupos, com tons preconceituosos e com apenas retalhos da realidade. Uma antinomia cruel, onde a educação seria para transformação e construção de sujeitos do processo, no entanto ela se traduz em sujeito e objeto, com a doação do “saber” dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber e mais uma vez venho ressaltar que não estou fomentando um discurso negativo para com a educação, mas por um viés que não seja ingênuo e que não vanglorie a concepção de que os educandos tanto são mais “educados” porque são “adequados” ao mundo, como a educação que se tem propõe e muitos educadores contribuem para opressão do estímulo do pensar autêntico e situando-se pela superposição, por uma educação como prática da dominação.
É a “cultura do silêncio” e sem entrar aqui num contexto de cultura numa amplitude maior, o discurso não é esse e nem minha intenção momentaneamente, porém a minha tentativa é de denunciar a incomunicabilidade entre educadores-educandos, no sentido de não haver uma dialética ou uma recíproca entre estes e justamente proponho uma educação libertadora, mas não liberal (que me faria entrar ou incorrer no erro de defender uma educação de objetividade, enxugamento de conteúdos, velocidade e uma educação mais voltada pro mercado de trabalho do que para parir o conhecimento em si, que também reproduz uma mecanização do ensino), no entanto uma educação que se liberte desses paradigmas e que supere a contradição de educadores-educandos e que ambos façam dignos educadores e educandos. Não vamos nos desesperançar e nem deixar tudo como algo já estabelecido, entretanto, nos isentarmos de apontar esses caminhos que a educação vem trilhando é admitirmos a absolutização da ignorância que falei anteriormente e aceitarmos uma educação a serviço da desumanização e não a favor do que é necessário, uma conciliação entre sujeitos e objetos, ou melhor, um processo de sujeitos.
            

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL, ESPETÁCULO E BRASIL

A princípio, para se começar a falar sobre estratificação social é de tamanha relevância diferenciar renda de riqueza. A renda refere-se ao montante que alguém recebe em um dado período de tempo, já a riqueza, é o que de fato alguém possui, ou seja, o patrimônio de uma pessoa. É com estes dois conceitos e suas diferenciações que passo a abordar o que é estratificação social, o que ela trata, sobre os grupos e nome que contribuíram para sua importância de estudo.
A estratificação social indica a existência de diferenças, de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. Ela indica a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes e seus critérios são econômicos, políticos e sociais. A estratificação econômica é baseada na posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária; a política é baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder), já a social é baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de médico do que a profissão de pedreiro.
Tratando-se do Brasil, é notória e comprovada que a desigualdade no país é uma das maiores do mundo. Apesar de que nos últimos quarenta anos o Brasil tem se tornado mais rico, isto é, seu produto interno bruto aumentou, entretanto, a distribuição de renda do país tem se tornado cada vez mais desigual. O aumento de riqueza no Brasil explica-se, em parte, pelo processo de industrialização que ocorreu a partir da metade do século passado (século XX).
A Revolução Industrial e a transformação dos sistemas econômicos contribuíram para que as questões sobre a desigualdade social fossem mais bem visualizadas, discutidas e percebidas, principalmente depois do advento do capitalismo, tornando-as mais evidentes. Umas das características fundamentais que distingue nossa sociedade das antigas é a possibilidade de mobilidade social. Diferentemente da sociedade medieval na qual quem nascesse servo, morreria servo, e na qual não era possível lutar por direitos e por uma oportunidade de mudar de classe. Na sociedade ocidental contemporânea, por exemplo, isto já é possível, e a mobilidade social se dá especialmente como conseqüência dos investimentos em educação, dos investimentos de formação e capacitação para o trabalho, que podem vir tanto do Estado quanto da própria iniciativa social.
Acreditava-se que, com a Revolução Verde no Brasil, um aumento expressivo na produção e na produtividade agrícola mundial solucionaria o problema da fome no mundo, pois com muitos investimentos (presença das indústrias) o país tornou-se o segundo maior produtor mundial de soja. Entretanto, em vez de diminuir as desigualdades, ocorreu a intensificação da concentração de terra, agravamento da questão migratória nacional com a expulsão da população rural para os centros urbanos, crescimento do subemprego, enfraquecimento da pequena propriedade e retração da produção de alimentos e outros produtos para o mercado interno com a conseqüente elevação do custo de vida.
Em resumo, a agroindústria da soja tem proporcionado uma mobilidade social ascendente ou vertical- ou seja, tem possibilitado que alguns indivíduos se movam para cima no sistema de estratificação e tem aumentado a renda média nacional, entretanto, ela também tem aumentado o abismo entre ricos e pobres e gerado novas formas de exploração e de conflitos sociais.
E se tratando de conflitos sociais, as teorias de estratificação de Marx e Weber são de extrema importância para um melhor entendimento do assunto. Os conflitos sociais geram os conflitos das classes sociais, sendo Karl Marx quem procurou colocar no centro de sua análise a questão das classes. Ele distingue as classes com base em sua relação com os meios de produção. Prevê um conflito inevitável entre burguesia e o proletariado e o nascimento de um sistema comunista. Já Weber, distinguiu as classes com base em sua “situação de mercado”. Weber argumentou ainda que uma consciência de classe pudesse se desenvolver sob determinadas circunstâncias, embora isso não fosse inevitável, e enfatizou o prestígio e o poder como fontes não econômicas importantes de desigualdade.
Outras teorias se destacaram como a teoria de estratificação de Blau e a de Ducan, como também a atualização de Wrigth com o esquema de classes de Marx e Goldthorpe com uma revisão do esquema weberiano, ao distinguir as classes com base em suas “relações de emprego”, entre outras distinções relativas ao setor econômico, à qualificação, etc.
A estratificação social e suas conseqüências estão presentes no nosso cotidiano, portanto, é muito importante a sua percepção e o entendimento da sua distribuição de desigualdades, para que muitos não atribuam a culpa das desigualdades apenas ao Estado e esqueçam as outras realidades que contribuem para atual situação precária de desigualdade do Brasil e do mundo.


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"LARANJA MECÂNICA"


Como poderia falar desse filme? “Laranja Mecânica”. Será que seu título já apontaria algum ar psicodélico relacionado? A laranja ácida, cor vibrante que descombina e combina. Chamativa. Entretanto, o que seria combinar e por que descombinar? O “mecânica” estaria pra dar um suporte ao laranja ou para escancarar uma sociedade tecnocrática, administrada, com seus aparelhos repressores ou também os repressores ideológicos? Em momento de política, não apenas uma política partidarista ou governista, mas a política como toda ação da política, o filme não se isenta de abordá-la, de ressaltá-la e criticá-la. Não sei se o cerne seria a lógica da contradição, uma dialética e retórica da própria sociedade ou a forma que ela sempre se fez, sempre aderiu, apenas com novos retoques e maquiagens que fazemos pensá-la do contrário (administrada, com normas, leis, segurança, cargos, estruturas, entre outros). Uma sociedade, onde no filme, delinqüentes matam, estupram, roubam, se divertem, cantam, se sensibilizam (nem sei se delinqüentes, posso está usando esse termo de maneira agressiva para com os personagens do filme, tanto por conta das mais extremas atrocidades que a sociedade já viu, como pela “posição social” destes no filme poderia fazer com que eu diminuísse o tom). Não sei de fato, o porquê do estranhamento de muitos e nem o motivo da agressão que acham que perpassa o filme, só por conta dos atos rebeldes adolescentes, de perversidade e violência, que não podia acontecer numa sociedade “perfeita”. Algo bastante interessante que me perturbou no filme é o “tempo”. Não se sabe qual o tempo, se progressista-linear ou cíclico, não entrando também numa discussão destes, nem de tempo histórico, porém, se é uma realidade que se passou que se resolveu ou que está por vir e as formas de condutas e punições que serão adotadas para com indivíduos “irregulares”. Essa toda orquestra canta e gira em torno de Alex, líder da gangue, sádico, libertino, liberto (talvez a própria liberdade liberal que a sociedade liberalista deixa parecer, mas que não se omite por meio de sua repressão, dos seus aparelhos, da estratificação social e da sua liberdade de consumo das coisas que permite e muitas das vezes do consumo da própria identidade dos indivíduos, controlando-os) e destrutivo. Esses comportamentos são calos de muitos estudiosos, curiosos, entre outros, pois afirma as discussões a respeito do que seria identidade, a busca de uma identidade, sem contar que ressalva de forma implícita a sexualidade, o papel social da família e algo que atinge muitos, a religião. Como Alex e sua gangue, não são nada que a sociedade espera de adolescentes “normais”, sem contar que seu próprio “meio”, seus “amigos” permitem e arquitetam numa dessas suas aventuras sádicas, que a polícia o detenha, o garoto Alex (como é bastante ressaltado no filme) é preso e passa às normas instrumentais criadas pela sociedade. O jovem desconhece esse controle social, que tal sociedade o disponibilizou por muito tempo a liberdade, sem contar o prazer desfrutado pelo garoto ao longo do filme. Seria o mal estar na civilização, discutido por Freud, daí também o teor psicológico do filme. A busca incessante pelo prazer, pela felicidade, sem saber qual seria a felicidade ou qual felicidade de fato queria. Na prisão, o jovem recorre à bíblia, aos valores, a Deus. Cria-se na prisão uma espécie de cura, uma psicoterapia feita com o jovem, para ter enjôo quando for violentar alguém, quando for cometer agressões, uma persuasão estadista e policial (diferentemente da persuasão de Nietzsche, que propõe justamente a refundamentação dos valores e que destrói os valores estabelecidos) para ceder e “controlar-se socialmente”. Por isso a lógica da contradição, como não se proteger, como criar essa limitação ao jovem se ele tem que se proteger das agressões e violência que a própria sociedade perpassa e que faz parte da rotina social? O filme traz todos esses levantes de violência, alienação, estratificação, os valores liberais, religião, desprazer, prazer, pois são mascarados e esquecidos, como se fossem assuntos surreais, principalmente na contemporaneidade. E como é bastante levantado pelo garotinho Alex, os “Horrores-Shows” que eles faziam, existem muitos horrores-shows ou show de horrores hoje em dia, tão escancarado pelo filme e que não podemos nos isentar de refletirmos e fazermos uma autocrítica. Fica a dica.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O que é científico?... De fato não serei eu quem irá definir por completo ou o certo ou o errado, mas pelo o que já li e dizem muitos estudiosos, podemos falar algo a respeito.





O que é científico?

Um cientista, o que ele faz? A ciência é cega, surda, muda e sem percepção para com o que ela não abarca, ou seja, diante de algo que não seja real, verdadeiro e comprovado. De fato um cozinheiro cozinha, o jardineiro cuida do jardim e o barbeiro corta cabelo e barba, entretanto, estão intrínsecas ao cientista as teorias de experimentação, propondo declarações, ou sistemas de declarações, testando passo a passo, como já foi definido por Karl Pooper, um filósofo da ciência que estuda o que um cientista faz.
Em falar do filósofo Pooper, por que o seu estudo é designado por Filosofia da ciência e não somente filosofia? A filosofia não é ciência. Por mais que abarca muito mais, demasiadamente tantas e tantas áreas do conhecimento, traçando o caminho e iluminando as buscas científicas, indo além da ciência, não é ciência. O cientista trabalha com teorias e hipóteses, mas que sejam matemáticas, definidas e verdadeiras. A filosofia questiona tudo, às vezes parece ter solução para tudo, no entanto, muitas das vezes, senão na maioria das vezes, não consegue sistematizar, classificar e definir, fugindo e não segurando o que a ciência quer, verdades definidas e comprovadas. É aquela relação de Manoel de Barros: “A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá, mas não pode medir seus encantos”.
A centopéia nunca se atrapalhou ao andar com as suas tantas pernas, porém, a partir do momento que foi questionada, se ela já tinha indagado sobre qual perna ela mexia primeiro, ao andar e pensar, ficou paralítica. O cientista não pode agir de maneira apenas natural e automática, como faz as centopéias, sem se dá conta do que está sendo feito, do que está a sua volta. Mesmo que fique paralítico, mesmo que fuja do jogo dos sentidos, ele não pode dissimular, enganar e fugir das imagens fiéis da realidade. As palavras são os olhos da ciência. Não as palavras do jogo de risos das piadas, ou das imposições de um sargento para com os seus soldados, mas as palavras no jogo de linguagem do cientista, não quaisquer palavras, mas aquelas que a ciência consegue segurar, deixando passar aquelas que a ciência não pode dizer.
O que o cientista faz e tenta assegurar, portanto, são os reflexos da realidade, as declarações ou sistemas de declarações num jogo de palavras que são passíveis de comprovações, métodos, classificações e sistemas precisos; cego para o que não se consegue “pegar” e que sejam necessárias outras redes para abarcar o que cai, mas que assegure o jogo da ciência, o qual o cientista joga.