quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ESTAMOS FORA DO LUGAR...




Posições fixas e invariáveis, o conhecimento vai se ajustando, se regularizando e se adequando. Não se propicia a criação, a autenticidade do pensar e a tentativa de ajustar uma pessoa a faz robótica, mecânica, acabada e limitada. Não só para com as mentes “pensantes” ou educandos do mundo, entretanto, afeta principalmente os ditos “possuidores do conhecimento”, educadores, formadores, professores, enfim, pois estes fazem a “absolutização da ignorância” quando tratam os educandos como coisas, como algo que tem que ser preenchido, como um ser acrítico e sem poder de intervenção. É como dizia o grande Paulo Freire na sua “Pedagogia do Oprimido”, que “o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos”. Não é desmerecendo ou deixando de lado a relevância dos educadores, mas a educação que a maioria destes propicia é uma educação opressora, de cima para baixo, de dentro para fora, havendo uma contradição de papéis (educador-educando) e não uma simbiose ou uma intercomunicação que deveria ocorrer entre ambos.
A educação ainda está sendo feita para dominação, para o fechamento de grupos, com tons preconceituosos e com apenas retalhos da realidade. Uma antinomia cruel, onde a educação seria para transformação e construção de sujeitos do processo, no entanto ela se traduz em sujeito e objeto, com a doação do “saber” dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber e mais uma vez venho ressaltar que não estou fomentando um discurso negativo para com a educação, mas por um viés que não seja ingênuo e que não vanglorie a concepção de que os educandos tanto são mais “educados” porque são “adequados” ao mundo, como a educação que se tem propõe e muitos educadores contribuem para opressão do estímulo do pensar autêntico e situando-se pela superposição, por uma educação como prática da dominação.
É a “cultura do silêncio” e sem entrar aqui num contexto de cultura numa amplitude maior, o discurso não é esse e nem minha intenção momentaneamente, porém a minha tentativa é de denunciar a incomunicabilidade entre educadores-educandos, no sentido de não haver uma dialética ou uma recíproca entre estes e justamente proponho uma educação libertadora, mas não liberal (que me faria entrar ou incorrer no erro de defender uma educação de objetividade, enxugamento de conteúdos, velocidade e uma educação mais voltada pro mercado de trabalho do que para parir o conhecimento em si, que também reproduz uma mecanização do ensino), no entanto uma educação que se liberte desses paradigmas e que supere a contradição de educadores-educandos e que ambos façam dignos educadores e educandos. Não vamos nos desesperançar e nem deixar tudo como algo já estabelecido, entretanto, nos isentarmos de apontar esses caminhos que a educação vem trilhando é admitirmos a absolutização da ignorância que falei anteriormente e aceitarmos uma educação a serviço da desumanização e não a favor do que é necessário, uma conciliação entre sujeitos e objetos, ou melhor, um processo de sujeitos.
            

5 comentários:

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  2. "...não estou fomentando um discurso negativo para com a educação, mas por um viés que não seja ingênuo e que não vanglorie a concepção de que os educandos tanto são mais “educados” porque são “adequados” ao mundo".
    É isso aew, Aurélio. A educação está em crise, o que nos faz sentir a necessidade de reformulá-la. O educando não é um robô, um andróide que está esperando o retoque final de seu engenheiro para "agir como se deve", mas sim alguém com ideias próprias que precisa de acompanhamento para colocá-las em prática.
    Como te disse, acho que a hierarquia educador-educando é necessária. Não uma hierarquia opressiva, mas que mantenha, como você falou, uma ordem, onde o educador se coloque à disposição e deixe o canal aberto para o diálogo.

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  3. Como um educando pode criar as próprias idéias e se interessar por conhecimento? A maior culpa é do sistema educacional e de quem nele atua.
    É visível a quantidade de educadores despreparados.
    "Precisamos de maiêuticos, não de sofistas".

    Acredito que o conhecimento é algo inato ao homem. Basta ser estimulado e de forma correta.
    É necessário despertar esse lado crítico da nossa mente...

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  4. O problema é que a educação tá sendo vista como um instrumento de instituições, não para educar mas para impor, e assim forma sujeitos adequados a realidade que eles querem mostrar, que o estado e e os grandes meios midiáticos querem que a gente viva. E essa forma de educação institucionalizada acaba limitando muito o processo do saber, primeiro que é uma educação que não chega a todos, chega apenas nas pessoas que assumem uma certa posição na sociedade e são essas pessoas que deveriam acordar e ver o que realmente é educação, abrir a boca mesmo, mostrar que existem outros meios, ir em oposição ao que é imposto. pois é, meu caro. ótimo blog.
    grande abraço.

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  5. O principal problema da educação hoje em dia é a mercantilização (transformação de tudo em mercadorias), que a deixa em uma embalagem pronta para consumo, sem direito de transformá-la, ajustá-la, superá-la. Faz também com que a educação seja individualizada e rivalizada, criando a ideia de que o indivíduo tem que superar os outros, ser o mais 'inteligente'. Paulo Freire dizia que a educação tem que ser ferramenta de libertação e, ainda, que ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão.

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